06/11/2013
- Marília, venha almoçar!
Minha mãe me chamou, feito todos os dias que eu estava me recuperando de uma cirurgia (septoplastia para drenar uma infecção, na minha face, que já estava calcificada além de uma plástica em minha única orelha de "abano", poucos a conhece - rsrs). Deitada na cama, com o computador ligado na TV, um teclado e um mouse sem fio a minha disposição. Só me levantava para ir ao banheiro, beber água e para comer, quando não recebia na cama (tratamento VIP rsrs). Mas naquele dia, ao levantar, eu não conseguia andar de tanta dor que eu sentia na minha perna esquerda.
Fiquei sem reação e não pensei em chamar ninguém para me ajudar. Só pensava que eu tinha sim que conseguir andar até a sala de jantar. Sentia-me culpada por ter dormido tanto, mesmo quando o meu pai já havia ido lá para avisar sobre o almoço. Comecei me apoiando na bicicleta ergométrica, depois na mesa de estudo, na porta do quarto e me deparei com a extensão da sala de estar e sem móveis próximos uns dos outros para me apoiar. E fui arrastando os pés bem devagar até chegar ao início da outra sala, me encostei na parede e me debrucei sobre o balcão e falei:
- Não estou conseguindo andar!
Sentei à mesa, almocei e voltei para o meu quarto. Bem devagar, mas não tanto quanto antes. Percebi que andar melhorava a dor. Meu pai veio em seguida, trazendo gelo para eu por na minha perna. E depois de um tempo, ao limpar a água que escorria da compressa, pensei: Caramba! Que coxão! Desde quando eu tenho uma coxa grande assim? (rsrs) E essa panturrilha? Ah... Ela sempre foi 1cm maior que a perna direita. Nossa, 1cm é tanto assim?
Minha mãe apareceu para saber como eu estava e eu a indaguei sobre a largura das minhas pernas, mas ela não percebeu nada. Falou que quando meu pai chegasse do trabalho iriamos ao hospital. Eu não tinha interesse de ir antes, tinha o último contrato da recepção do meu casamento religioso, para fechar durante o período da noite! E no dia 21 eu iria mudar para Manaus (onde meu noivo já estava há quase um ano), três dias depois do casamento civil, no dia 19.
A noite, eu percebi que a minha perna estava levemente mais escura. E mais uma vez, a minha mãe não percebeu nada! Uma amiga da minha irmã, que veio nos visitar, notou todas as diferenças sem eu falar nada a respeito. Mesmo assim, eu apenas fui ao hospital, após a assinatura do tal último contrato. Ele iria encerrar, por hora, o planejamento que eu começara em julho. Eu já havia sacrificado tantos finais de semana e saídas do trabalho no horário do almoço, para deixar tudo acertado antes da minha viagem que eu não via mal, em esperar um pouco mais para ir ao hospital. Que também, já estava sendo adiado, há dois dias.
Nesses dois dias, eu sai com meu primo Renan, para resolver coisas sobre o casamento e também para passear. Era ele quem dirigia, feito sempre, mas eu também não queria arriscar. Minha perna doía, como se fosse uma distensão e eu não me sentia segura para dirigir, apesar de ter andado bem mais nesses dias do que nos 12 ou 13 anteriores. Enquanto isso, meu noivo já insistia para que eu fosse ao hospital, mas eu nunca tive esse costume. Nem de tomar remédio para dor, tomo quando estou realmente nas "últimas".
E esses foram os dias mais perigosos da minha vida! Infelizmente, não valeram nada a pena. Para ser sincera, odeio lembrar deles. As lágrimas escorrem, a mão vai à testa, os olhos se apertam e a cabeça dói. Não tenho mais tanta resistência a hospitais, mas a inércia quanto aos remédios continua, tomo apenas o necessário. Minha mãe até hoje também se sente mal e culpada por não ter me levado logo ao hospital, de qualquer maneira.
* Mãe, eu sempre fui cabeça dura, não ia adiantar. Muito provavelmente eu demoraria todos esses dias para aceitar o seu pedido. O Vitri mandou eu ir várias vezes, com o Renan, de táxi, de qualquer jeito. E eu não fui.
** Desculpem-me pelos erros, não quero ler todo esse texto para poder corrigi-lo.